Um desentendimento entre a ministra do Esporte, Ana Moser, e o ministro da Justiça, Flávio Dino, atrasou em mais de 1 mês a assinatura de acordo de cooperação entre o governo federal e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para melhorar a segurança nos estádios de futebol.
A confederação procurou os 2 ministérios no início do ano para propor a elaboração de um plano para identificar torcedores com problemas na Justiça e com restrição de acesso a arenas esportivas.
A proposta da CBF, batizada de “Estádio Seguro”, é ampliar para todos os principais estádios do país, especialmente nas capitais, tecnologias de rastreio de ingressos e de coleta de dados de torcedores. Ao comprar ou ganhar uma entrada, por exemplo, a pessoa teria que vincular seu CPF e número de celular ao bilhete. Quem estiver com problemas na Justiça, será impedido de entrar no campo.
Moser, porém, não deu prosseguimento às conversas com a confederação. A CBF, então, encaminhou o projeto com o Ministério da Justiça ao longo do 1º semestre. Foram realizados testes com checagem de CPF e biometria em 20 jogos de Flamengo ou Fluminense no Maracanã, localizado no Rio.
De acordo com o ministério, o delito mais frequente identificado nas verificações foi a de pessoas condenadas por falta de pagamento de pensão alimentícia. Elas foram reconhecidas e presas. Alguns torcedores que foram proibidos de entrar em estádios em outros Estados também acabaram barrados no Maracanã.
Em 28 de junho, o secretário-executivo do MJ, Ricardo Cappelli, anunciou que o acordo com a CBF seria assinado na semana seguinte. De acordo com sites, Moser teria se incomodado com a divulgação da notícia porque o Ministério do Esporte, até então, não tinha participado das discussões.
No dia 1º de julho, um sábado, a ministra se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando ambos visitaram a seleção brasileira feminina de futebol. A equipe se preparava para seu último amistoso antes de embarcar para a Copa do Mundo Feminina, realizada na Austrália e na Nova Zelândia.
No estádio Mané Garrincha, em Brasília, Moser ligou para Dino na frente de Lula. Conforme apurou a reportagem, a ministra colocou a ligação no viva-voz e reclamou ter sido escanteada nas discussões. O titular da Justiça não gostou da cobrança e cancelou a assinatura do acordo.
Depois do imbróglio, o Ministério do Esporte enviou suas sugestões para o projeto, que estão em análise pela CBF. A ideia é assinar o acordo de cooperação entre os 2 ministérios e a CBF em agosto.
Procurado, o Ministério da Justiça informou que não iria se pronunciar sobre o caso. Já o Ministério do Esporte disse que, para o acordo “Estádio Seguro”, pediu a inclusão de estudo sobre integridade no esporte e combate a todas as formas de discriminação e violência. “Entendemos que é uma parceria necessária e importante e que devemos assinar nas próximas semanas”, disse o ministério.
A cadeira de Ana Moser é uma das reivindicadas pelo Centrão nas mudanças que Lula deverá fazer na Esplanada. O Republicanos quer a pasta, que tem orçamento de R$ 2 bilhões. Deverá indicar o deputado Silvio Costa Filho (PE).
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